Não consigo encontrar as palavras. Dou voltas e voltas, e não as encontro. Não consigo descrever o que estou a sentir. Um batido de felicidade, medo, ânsia, descontrolo, e sei lá que mais.
Ainda bem que os momentos de amarras se desvanecem e eu me solto
a tua voz faz-me deitar e sossegar com um sorriso imaginário desenhado nos lábios. Era bem mais fácil ter visto tudo isto como mais uma tanga, apenas mais palavras ao barulho
mas não é assim, não me consigo manter indiferente. Quando te pego no pensamento, já não caminho sozinha
esta sensação agrada-me.
A libertina que existe em mim, envolveu-se toda em ti
neste momento, não me apetece sequer pensar noutros corpos, noutros lugares
apenas onde tu estás
que não sei onde é, mas não faz mal.
É bom viajar assim
a forma serena e plena de tu seres, acalma a minha, agitada e nervosa, fria e com dificuldades em demonstrar o que sinto.
Não posso dizer mais
não posso falar
podem descobrir
este vai ser o nosso segredo eterno.
Quando se pensa que já nada disto é possível, que a frigidez nos tomou para sempre, é uma óptima surpresa. Mas também sei que isto é mais um momento em mim
que vivo de momentos, e não se saberá qual é o próximo. Gosto de viver assim. Tu também tens a tua maneira, e aceito-a.
Só me apetece especular sobre os pontos do futuro em que nos cruzaremos
pela primeira vez, sinto saudades.
Assaltam-me agora imagens que não me apetece controlar
apetecem-me os teus lábios a percorrer a minha pele pálida, a tua língua molhada a desenhar suavemente nas minhas pernas
os teus olhos brilhantes, a lerem os meus, que se fecham de vez em quando, em sincronia com o corpo em pequenas contracções involuntárias. Dar-te as mãos com tanta força quanto as quero dentro de mim
sentir o teu beijo, ansioso, molhado, a anunciar o desejo que precisa de ser consumido, naquele momento
mas em tom quase cruel, faço-te esperar mais um bocadinho. Apetece-me prolongar isto
ver-te vibrar
beijar-te mais, olhar-te mais
ter-te mais dentro de mim, para entrares finalmente, e descobrires o que eu te puser à disposição. Há-de ser tudo.
Depois dançarei no teu corpo. Dançarei como uma louca. Rodopiando à tua volta, de braços abertos. Passarei suavemente os lábios nos teus, tentando dar-te a adivinhar o que se segue.
A disposição mudou completamente. Não. Não me apetece fazer amor contigo. Quero ter-te louco, feroz, como dois animais, como se esta fosse a ultima vez que o faríamos.
Sentir.
Sentir.
Sentir.
Sentir.
Sentir-te!!!!!!
A tua pele
o teu suor
o odor
os teus movimentos sensuais, bruscos, violentos, a tua virilidade, o teu desejo de concretizar mais um acto. E outro. E outro. Insaciável.
A contemplação de tamanha vontade, que nunca acaba e que aparenta ser sempre grande demais para estes corpos finitos. Sorriremos os dois ao ver o outro se aproximar, e uma sensação de abundância predominará.
Ainda bem que a felicidade vai espreitando, e é composta por momentos que, apesar de fugazes, nunca desaparecerão em nós.