Quinta-feira, 18 de Agosto de 2005

Monstros

MicahelGoesele.jpg

            Debato-me com paredes ensanguentadas de nada e pontapeio o ar. prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />


            Esgotada. E é esgotada que me apercebo da falta de importância de tudo o que construí até hoje. Sinto a pele a ferver com vazio…quase que se formam bolhas à passagem de cada pensamento que me escorre pelos olhos. Odeio tudo neste momento.


            Choro o miserável que me rodeia.


            Não quero falar, nem harmonias, nem carinho, nem paz, nem desassossego…não quero nada.


            Desenhei letras e recortei-as a picadas milimétricas. Para quê? Tudo me é desconfortável agora. Talvez mais tarde goste, mas a perfeição com que o fiz está a morder-me os dedos.


            O ar está irrespirável. Que irritação louca comigo própria. Que irritação louca por não encontrar o meu pequeno objecto de horas molhadas de vida anémica.


            Não trespasso paredes nem pele…nem obstáculos nem nada. Estou aqui. Somente estou aqui. Esgotada com a minha irritação. Provavelmente a enlouquecer aos poucos. Apetece-me companhia para poder explodir nalguma coisa com vida, e assim ter uns braços de conforto ao mesmo tempo…umas palavras pouco usadas a transmitirem-me que está tudo bem e estou errada, se me acalmar vejo as coisas de outra maneira.


            Queria ter saído de casa. Queria não ter colado imagens já destruídas na parede. Mas não é isso que me está a consumir a juízo. Não é isso, porque eu sei que não é. Então o que é? Também não sei. Talvez o apanhado ou a forma desconfortável como não me preparei. Ou então…talvez já esteja um pouco louca há algum tempo e ainda não tinha reparado.


            Que irritação desmedida…estou a arder a compasso com o tempo.


            Amanhã já não é assim…este sentimento também vai arder com o tempo…mas até lá, vão restar muitas cinzas e algumas queimaduras. Na impossibilidade de ser mais, sou menos e dou cortes finos de raiva fulminante mal dirigida…sou alteração de um monstro pontiagudo que mata inocentes.


 


            Vou apenas aguardar que a lógica e a calma me assaltem dentro de pouco…afinal ainda reside alguma esperança no monstro.


 


 



            (Caem lágrimas de desespero…até ele precisa de alguém…)


 


 


 


(Imagem de Micahel Goesele)


 


publicado por Rute às 00:06
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De Carla a 22 de Agosto de 2005 às 08:41
Vampíria, o monstro que recrias parece-me muito humano. É humano viverem-se fases de desespero, em que somos acometidos pelos pensamentos mais loucos e que fazem quase com que nos odiemos a nós mesmos. Mas de louca não tens nada. Se todos fossemos assim tão lúcidos a enfrentarmos os nossos monstros, depois de feita a libertação seríamos pessoas melhores... porque saberíamos olhar para dentro de nós sem medos. Muita força para ti, és uma resistente e as tuas palavras demonstram-no. Um beijo enorme.


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