Andarilhos saltitantes que postulam nas veias e teimam em atrasar a corrente sanguÃnea das memórias doces, fazem das horas em que se não se anuncia a presença, um autêntico martÃrio na forma de sufoco. Estico os dedos dos pés e as pernas, numa tentativa alcoólica de me prolongar para além de tudo isto e viajar mais perto, mais rápido.
Porque as horas se anunciam.
Porque já se faz sentir a ausência.
Pecados de chocolate pela noite dentro que comete com ternura e me diz.Enjoam-se os exageros e risinhos adolescentes impossÃveis de conter dançam esta música.
Porque têm razão quando dizem que a paixão nos faz sentir de novo com dezasseis ou dezassete anos…menos talvez. É a descoberta, a novidade, uma exaltação que não pára e deambula ora mais rápida ora mais lenta. De mãos dadas com o sorriso que se desvanece quando termina este tango.
Mas não deixa de ser tão bom dançar, pois não? Mesmo que seja uma música curta, concede-me esse prazer.
Invade-me a intimidade com loucura sem o saber. Arrepia-me o comodismo e tenho de erguer o corpo para pintar a imaginação com os meus próprios pincéis.
Ai se soubesse bem a feliz comunhão com que me deito comigo própria a par com a sua ternura em imagens pitorescas e infantis.
Mas tenho sempre os olhos tristes. As unhas pintadas. A maquilhagem que transmite mais ou menos o que sinto.
Estou nua…completamente nua numa exposição sentimental que não consigo escrever…desdenho das palavras que parecem nunca sair certas, e se não estivesse ao serviço da arte nesta galeria, talvez me irritasse ou me deixasse invadir por uma agonia tremenda. Mas não. Vou fazer o que me compete e simplesmente posar para este público sensato, que são paredes e rabiscos.
Imperiosamente teatral, pego no volante das histórias e concedo-me o prazer de fingir e de brincar. A ilusão plena de tudo o que invento parecer realidade, mesmo o que é realidade, ou o que é ilusão. É bom. É uma confusa distinção, chegando mesmo a fundir-se tudo numa lama peganhenta ou numa guloseima deliciosa…depende. Mas entretanto, perdi-me completamente nestas ilusões criadas de mãos dadas contigo que também são um bocadinho reais…
Apercebendo-me do meu défice de carinho, vou-me enrolar no meu ventre e procurar conforto nos lençóis.
Â
(Imagem de Renoux)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. Tempo
. Cartas
. Despida
. Espelhos
. Monstros
. Nós
. Rever
. Sede
. Recordações num pedaço de...
. Sentimentos, confusão e l...
. Frenesim
. Espasmos
. Brisa
. Palavras
. Uma vasta e densa forma d...
. Strings
. Esgrima
. The taste of "Something i...
. Purpúra
. Corpo
. Sarilhos
. Quando se começa a perder...
. Extase