Estou em pânico.
Apercebi-me. Sim, apercebi-me que não posso evitar. Que isto é real e já não há nada a fazer
Apetece-me chorar e escrever, anestesiar-me. Desconfio que vêm aí tantos problemas
a culpa não é minha
juro que não é.
Queria escrever mil e uma palavras que servissem para exorcizar este sentimento, mas não as encontro mais uma vez.
O pânico e o querer. É tanto de tanta coisa
sinto os lábios secos de medo, e o sexo ansioso por ti. O coração acelera demasiado, e eu gosto tanto quanto me incomoda
Ainda sabes o meu cheiro
eu decorei a humidade dos teus lábios, a suavidade da tua pele, do teu sorriso, as tuas mãos.
Quero-te hoje, amanhã, agora, há cinco minutos atrás, e à frente também. Acho que não estou a ser ordenada nos meus pensamentos
que me perdoem as gramáticas, mas neste momento não consigo
E se desse lado da margem for uma miragem? Não acredito que o fizesses
é muito tempo a fingir
mas quem sou eu para poder adivinhar isso?
Estou num turbilhão enorme de sensações
arrastam-me os sentimentos sem que eu os consiga fazer parar.
Não paro de pensar que devia ir, ficaríamos melhor
não posso, a condição soma-se à solidão, e tenho de por cá ficar
ai como queria aquele salto. Como eu queria aquele salto!!! Como eu queria aquele salto!!! Não te aborreças, em breve saltaremos.
Tudo isto causa-me uma mágoa, uma apatia que os olhos têm vontade de exprimir
a verdade é que a maior parte das vezes, os lábios não o permitem, cortando o momento com um sorriso embebido do que tudo isto significa: tu queres tanto quanto eu. Fico mais calma, feliz, e os olhos, impertinentes mais uma vez, querem gritar essa felicidade através da expressão usada na tristeza e na alegria, de formas tão diferentes por todos.
Não tenhas pressa
os momentos só se esgotam com a morte
eu sei que é mais fácil, a ansiedade aperta, mas ouve-me com atenção, encostada a teu peito,a falar com os teus lábios: temos mais oportunidades que vêm a par com o tempo
eu também quero mais rápido, mas agora não pode ser.
Pareço louca
a falar sozinha. Chamo-te e tu não vens. Tenho-te aqui, tu sabes que sim e gostas. Também me tens aí.
Quem eu digo que não sei, mas sei.
Sinto-me mesmo a enlouquecer
um sorriso nos lábios novamente, o embalar do corpo e a melodia.
Segredo a mim própria, que se enlouquecer agora, vou ser uma louca feliz, porque sonho com o que pode ser, já que acontece.
(Imagem de Anita Andrzejewska www.anitaandrzejewska.netlin.pl)